Memória e Cura: Um Poema sobre as Marcas que Carregamos

Marcas

Muitas vezes, tentamos deixar o passado para trás, acreditando que, se ignorarmos as marcas deixadas, elas perderão o poder sobre nós. Buscamos o riso como refúgio, mudamos de cenário, reinventamos nossa identidade, na esperança de que a dor não nos acompanhe. Mas a verdade é que certas vivências se imprimem em nós de forma indelével, carregadas no corpo e na memória, independentemente das mudanças externas.

Acreditamos que esquecer é sinônimo de liberdade, que o silêncio pode soterrar aquilo que nos fere. No entanto, o que é reprimido encontra outras formas de se manifestar. A dor não se dissolve no tempo, nem nas tentativas de fingir que nunca existiu.

O verdadeiro alívio começa quando damos nome ao que nos machuca, quando deixamos de fugir e enfrentamos, com coragem, aquilo que antes tentávamos apagar. Falar sobre o que foi sufocado é, muitas vezes, a única maneira de transformar a dor em aprendizado e seguir adiante com mais leveza.

— Ainda em tempo, um escrito sobre as marcas que carregamos:

Tentei deixar no fundo da memória
Quem sabe assim
Não agiria sobre mim tudo o que hoje deveria ser história

Tentei afogar em risadas
As marcas que escarificaram meu corpo
Quem sabe assim
Seria possível não ser dispensada
De mim

Tentei me mudar, trocar de endereço
Quem sabe assim
A as cicatrizes não viriam junto
E tudo aquilo de novo teria apreço e bom gosto

Tentei me fazer livre
Das palavras, das ações, das violências
Quem sabe assim
A vida teria mais tempo para ser feliz

Tentei, tentei, tentei
Fazer cisão
Guardar apenas o amor que senti
Quem sabe assim
O ódio e a dor ficariam perdidas
Na imensidão

Tirei a representação
Mas meu corpo fez sintoma

Memória não se apaga
Risada não cura
O endereço novo ainda me carrega
E ser livre é escolher outra prisão

Hoje preciso levar palavra a tudo que
Afoguei no silêncio
Quem sabe assim

—- Luiza Pena

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